Catarina Moura
A zona histórica de produção de arroz vê-se perante a desvalorização do produto pelo consumidor. Mas há quem insista. Afinal, o arroz não é todo igual. Ronaldo, teti e euro estão aí para prová-lo.
Sem noção do perigo, os lagostins são aventureiros, cruzam a estrada que leva ao Torrão. No meio do arrozal, confirma-se a sua curiosidade: sobem os muros que dividem os canteiros e aproximam-se dos intrusos para ficarem de pinças levantadas, mãos ao ar. São o bicho mais evidente desta paisagem, não se vêem tanto as rãs, os répteis ou as garças-reais que rasam por vezes, para caçar isto tudo. “É um ecossistema irrepetível e acho que também é por isso que não acaba”, diz José Mota Capitão, produtor de arroz da Herdade do Portocarro, no Vale do Sado.
A região do arroz, como era conhecida na primeira metade do século XX, quer hoje mostrar que vale a pena escolher arroz de qualidade e que as variedades do Vale do Sado tanto produzem pratos criativos como nos levam à raiz da tradição. Mas há desafios grandes: os altos custos de produção, a indústria que define preços e mistura arroz nacional e internacional nas mesmas embalagens para o vender sob os tipos genéricos carolino ou agulha. Finalmente, o consumidor final: compra muito, mas não se preocupa com a qualidade.
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