Os preços dos alimentos escalaram, levando governos a agir e as populações a pensar onde cortar. Porém, há muitos erros feitos na alimentação portuguesa que poderiam evitar desperdício, não só alimentar, como de dinheiro. O Expresso falou com a secretária-geral da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) para saber que erros evitar e como poupar na hora de ir ao supermercado
A inflação tem sido um motivo de preocupação para os portugueses – e para uma grande fatia do mundo – nos últimos 14 meses, sensivelmente desde que a guerra na Ucrânia começou. Desde então os preços foram subindo e os juros também, o que espoletou uma crise e deixou muitas famílias em dificuldades. Na alimentação não foi diferente: os preços escalaram, levando governos a agir e as populações a pensar onde podem cortar. Porém, há muitos erros feitos na alimentação portuguesa que poderiam evitar desperdício, não só alimentar, como de dinheiro.
No geral, quando os preços sobem muito, tal tende a refletir-se na qualidade da alimentação. Em entrevista ao Expresso, Helena Real, secretária-geral da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN), explicou que, apesar de ainda não haver dados sobre esta recente crise e subida da inflação, estudos prévios mostraram que “quando há um aumento dos preços ou quando há uma situação de escassez de alimentos, a alimentação acaba a mudar” e as famílias “com mais dificuldades vão ter mais problemas para poderem ter uma alimentação mais adequada”.
Contudo, nem tudo é culpa dos preços e existem erros alimentares cometidos que podem prejudicar não só a nossa carteira, mas a nossa saúde. Por isso, a nutricionista apela por mais informação e mais “literacia alimentar”.
Aliás, quando questionada sobre a melhor forma para manter a alimentação que se tinha com a elevada inflação, Helena acaba mesmo por dizer: “se calhar deveríamos mudar”. “São sempre momentos que nós podemos utilizar e aproveitar para refletir sobre os nossos hábitos e se realmente não forem tão adequados poder aproveitar para os modificar”, declarou.
O QUE FAZER E NÃO FAZER?
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Uma alimentação com mais vegetais e menos carne
Segundo explicou Helena Real – e tendo por base o último inquérito alimentar que, infelizmente, já está desatualizado por remontar a 2015/16 – “a população [portuguesa] tem um consumo muito elevado de produtos de origem animal e menor de origem vegetal”. Contudo, “se a nossa alimentação for mais de base vegetal, possivelmente é mais económica”.
Adicionalmente, “os dados mostram que realmente as pessoas por vezes comem demais, ou seja, comem em quantidades excessivas e por isso é que depois há determinadas patologias, como obesidade, diabetes, hipertensão que muitas vezes são, ou que essencialmente são associados a erros alimentares e muitas vezes por excesso”.
“Se a nossa alimentação for mais de base vegetal, possivelmente é mais económica”
Helena Real, secretária-geral da Associação Portuguesa de Nutricionistas.
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