Em tempo de Páscoa, há uma boa probabilidade de as amêndoas que compra no supermercado serem portuguesas. O país tornou-se auto-suficiente, graças ao crescimento da cultura no Alentejo.
De chocolate, açúcar, lisas ou com uma cobertura irregular, as amêndoas que se oferecem na Páscoa estão ligadas ao culto antigo do ovo associado às festas da Primavera, ambos assimilados pela tradição cristã. Tornaram-se cada vez mais comuns na nossa alimentação, e a produção aumentou muito em Portugal, sobretudo graças a novos amendoais no Alentejo, regados com água do Alqueva. Mas as amêndoas têm a fama de serem devoradoras de água. É mesmo assim?
“Depende do que estamos a falar”, responde Albino Bento, professor na Escola Superior Agrária de Bragança e presidente do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos. “Neste momento, mais ou menos metade da área de amendoal do país concentra-se em Trás-os-Montes, e 90% do amendoal transmontano não tem rega. Só consome a água que São Pedro lhe envia”, disse ao PÚBLICO. “Portanto, não podemos dizer que tem uma pegada ecológica muito grande”, conclui.
Mas fora algum amendoal plantado no Algarve, que também é sobretudo agricultura de sequeiro, diz Albino Bento, a outra metade das árvores que dão este fruto seco foi plantada no Alentejo, onde a produção começou a disparar a partir de 2015. Estes pomares são irrigados, com uma produtividade muito maior: “Nos amendoais de Trás-os-Montes, em média estamos a falar de produções por hectare que não ultrapassarão os 1500 quilos. Quando vamos para os amendoais intensivos e superintensivos, estamos a falar de produções que, em média, poderão ir para as cinco, seis, sete toneladas por hectare”, explica.
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