No último ano, três produções de êxito mostraram o lado traumático da cozinha profissional. Uma nova tendência à volta dos chefs e da arte de preparar alimentos que não passou despercebida.
Mesmo sem ter visto, é provável que já tenha ouvido falar de Ponto de Ebulição, O Menu e The Bear. Dois filmes e uma série que nos últimos meses de 2022 marcaram o panorama de estreias, não só enquanto produções de sucesso, mas sobretudo pelo tema que as une: a cozinha profissional como território de ansiedade extrema, com protagonistas sempre à beira do colapso. Uma visão muito diferente daquela que nos foi dada ao longo dos anos por dramas populares como Julie & Julia, A Festa de Babette ou a animação Ratatouille, autêntico comfort food ao pé destes recentes exemplos que procuram, com abordagens distintas entre si, transmitir o pesadelo e o caos por trás de cada prato ou sabor refinado.
Pode dizer-se que esta revelação do lado pouco romântico das cozinhas de restaurante, vistas menos como espaço de prazer criativo do que como sala de pânico (ainda que não deixem de abrir o apetite ao espectador), tem um antecedente óbvio nos inúmeros concursos e programas de culinária espalhados pela televisão e plataformas de streaming. Foi uma questão de passar à etapa dramática, que combina os ingredientes do stress e intensidade reais com histórias e personagens cujos traumas justificam o convite para entrar na jornada extenuante – não é que seja algo inédito, mas nunca houve, de uma só vez, argumentos tão originais e eficazes centrados na vivência específica desse local de trabalho.
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