O enólogo e produtor de vinhos está a recuperar castas indígenas quase extintas ou fora de moda e a multiplicar o seu valor. Em entrevista, destacou o potencial da agricultura em atrair jovens e como se pode gerar valor com produtos especiais, específicos e bons, que tenham “terroir”.
O enólogo e produtor de vinhos foi o convidado do videocast Agricultura Agora | Conversas sobre Sustentabilidade, que se realizam no âmbito do Prémio Nacional de Agricultura (PNA). Estas entrevistas são conduzidas pelo jornalista João Ferreira, e têm como objetivo interagir com os intervenientes do mundo da agricultura, sobretudo na vertente da sustentabilidade. Uma iniciativa do BPI e da Cofina que conta com o patrocínio do Ministério da Agricultura e o apoio da PriceWaterhouseCoopers. O PNA visa premiar os agricultores e as empresas portuguesas que se destacam como casos de sucesso no setor da agricultura em Portugal.
Como consegue desempenhar este milagre de recuperar vinhas que não são rentáveis e multiplicar o seu valor?
Os grandes vinhos do mundo acontecem em condições extremas de alta improbabilidade na agricultura. Vêm sempre de locais em que as produções estão no limite do crescimento. O exemplo mais extremo é o da ilha do Pico, nos Açores, onde as vinhas estão plantadas nas rachas da rocha, desafiando a definição do solo. A rocha está junto do mar bravio, com água salgada que “queima” tudo. Essas condições extremas levam a que as vinhas sejam muito pouco produtivas, menos de mil quilos por hectare, comparando, por exemplo, com os vinhos verdes, que conseguem produzir 15 a 20 toneladas por hectare. É normal que, com o tempo, estas vinhas com produtividade baixa tenham deixado de ser sustentáveis. Gosto de olhar para a palavra “sustentável” com a ideia de durabilidade. Algumas vinhas estavam em vias de extinção e foquei-me nesses projetos porque acho que os grandes vinhos se encontram nessas condições. Tenho uma ligação emocional com os Açores, pois o meu pai é açoriano. (…).