O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia? Um copo de vinho diariamente faz bem? 9 ideias estabelecidas desmistificadas por quem sabe

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Há várias ideias relativamente à alimentação e saúde no geral que se mantêm vivas há anos. Contudo, muitas não têm qualquer fundamento científico. A VISÃO falou com especialistas de diferentes áreas, que desmistificam algumas delas

O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia

Para esta ideia, Renata Miguéis, diretora de nutrição na Diet Academy, em Lisboa, afirma que… depende. “Nenhuma refeição deve receber de forma generalista o título de mais ou menos importante do que a outra”, defende. Carolina Neves, médica especialista em Endocrinologista e Nutrição na Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), refere, por seu lado, que “não há fundamento científico para alegar que esta é a refeição mais importante do dia, independentemente de o objetivo ser a prevenção de doenças ou a perda de peso”.

Este pensamento, que faz parte da sabedoria popular há muitos anos, “deve-se ao facto de ser a primeira refeição do dia, logo, a que dará “sustento” para iniciar as tarefas diárias”, explica Renata Miguéis, acrescentando que, “na verdade, o mais importante para uma alimentação saudável é que o consumo diário de calorias e nutrientes seja adequado, independentemente de como será feita a distribuição de refeições ao longo do dia, já que isto pode variar bastante de pessoa para pessoa de acordo com necessidades, hábitos e rotinas de cada um”.

Contudo, e apesar de este título não dever ser atribuído ao pequeno-almoço de todas as pessoas, como explica a especialista, estudos recentes sugerem que quem toma um pequeno-almoço equilibrado
apresenta um melhor controlo da fome ao longo do dia. “Não tomar o pequeno-almoço não está associado a riscos significativos para a saúde, mas não devemos ignorar que se trata da primeira refeição que interrompe o jejum noturno, e que é uma oportunidade para repor a energia e os nutrientes necessários para a atividade metabólica diária”, sublinha Carolina Neves.

Também Conceição Calhau, nutricionista na CUF e coordenadora da Unidade Universitária de Medicina de Estilos de Vida, explica que “a primeira refeição do dia é muito importante”. “Num propósito de auto-prescrição de dietas, muito doentes que nos procuram para perda de peso, ou até só para gestão de peso, referem que aderiram ao jejum intermitente, interpretando-o como uma distribuição de refeições ao longo do dia e de jejum noturno de 12 a 14 horas, saltando o pequeno-almoço e iniciando a refeição só com o almoço”, conta a especialista.

“Na verdade, ao iniciar o dia, a atividade sem alimentos, em jejum, pode significar, na maioria dos casos, uma reposição do açúcar do sangue (glicose) à custa de degradação de músculo, o que pode contribuir para uma diminuição do gasto energético em repouso -metabolismo basal-, já que não transformamos gordura acumulada em açúcar no sangue”, informa a nutricionista, alertando, contudo, que pode haver exceções.

“Os estudos clínicos sobre a prática de jejum intermitente mostram claramente que o ganho de peso acontece nos que saltam o pequeno almoço. Na fase em que praticam, podem até perder peso, o que nem sempre quer dizer perder massa gorda”, alerta ainda.

Devemos ingerir 2 litros de água por dia

“As necessidades de água não são iguais para todas as pessoas, portanto, recomendar ingerir 2 litros de água por dia é genérico e incorreto”, começa por dizer Carolina Neves, acrescentando que “não existe um número exato de litros de água que todas as pessoas devem beber, mas recomenda-se um aporte mínimo de água para cada um, que pode ser consumida de variadas formas e que depende de múltiplos fatores individuais”.

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