Em Portugal, há um ponto geográfico fértil onde a produção e o consumo de sidra aloca-se aos descobrimentos, aquando da inclusão, nas escarpas íngremes que o caracterizam, das primeiras árvores de macieira e pereira.
A partir do século XVI, uma Europa ávida de conquistas avança sobre os novos territórios conhecidos em África, na Ásia e nas Américas, com Portugal e Castela a liderar o processo. As rotas marítimas têm passagem obrigatória pela Madeira, devido aos ventos e às correntes marítimas, sendo a escala aproveitada para abastecimento, entre outros, com vinho, sidra e água, o que comprova esta antiguidade.
Sobejamente conhecida pelo seu vinho, a Madeira desfrui também da tradição secular de plantio de maçãs, peros e peras e de consumo de sidra, graças à resiliência dos concelhos de Machico, Santa Cruz, Santana, Câmara de Lobos e Calheta.
Se, durante uma janela temporal assinalável, a produção de sidra visava o autoabastecimento do meio rural, atualmente proliferam notícias relativas àquela que já é tida como uma das maiores (re)descobertas da ilha da Madeira, a dar conta de múltiplos eventos de envergadura considerável e que procuram posicionar um produto que, mantendo a receita original, reinventa-se no rigor das infraestruturas que o produzem e no cumprimento de um conjunto de especificidades que lhe permitem ostentar o regime de qualidade IG (Indicação Geográfica) – primeira sidra IG do País – a caminho de IGP (Indicação Geográfica Protegida).
Esta “sidramania” alicerça-se no esforço partilhado da Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (SRA), através da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRA), com a Associação de Produtores de Sidra da Região Autónoma da Madeira (ASPRAM) e promete consolidar e expandir-se, graças à futura Sidraria de São Roque do Faial, uma empreitada prevista para 2023 e que integrará a rede comunitária pública a operar com a Sidraria de Santo António da Serra e Sidraria dos Prazeres.
De modo lato, a sidra destaca-se de outras bebidas pelo seu baixo teor alcoólico e pela presença de antioxidantes e endorfinas.
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Artigo publicado originalmente em DICAs.
O artigo foi publicado em Agroportal.