A cerca de 30 minutos do Porto, na sub-região do Sousa dos Vinhos Verdes, entremeada pela Rota dos Vinhos Verdes e os caminhos do Românico, a Quinta de Lourosa, em Lousada, é uma das propriedades mais relevantes da região, não apenas pela beleza pictórica, mas também pelos pergaminhos históricos e pela ciência e inovação vitícola que aí se produzem.
Quando o tema é a Quinta de Lourosa, de imediato pensamos no trabalho precursor de Rogério de Castro, professor catedrático do Instituto de Agronomia de Lisboa, e no sistema de condução em Lys que desenvolveu. A quinta era pertença de um tio-avô do atual proprietário, cujas raízes familiares remetem para Gondomar, onde desenvolveu a sua paixão pela agricultura. Porém, as origens da quinta, que possuía cerca de cinco hectares quando, através de partilhas, passou para as mãos do académico, remontam ao século XVII, com registos datados de 1675.
Atualmente, os filhos Joana e Nuno partilham com o pai a responsabilidade de gestão da propriedade, cabendo a Joana a enologia. Hoje com cerca de 30 hectares (que obrigaram a escriturar dezenas de artigos rústicos), dos quais 15 hectares em modo totalmente mecanizado, o encepamento da quinta compreende as castas típicas da região, como Loureiro, Alvarinho (4 clones de Alvarinho e 5 clones de Loureiro), Arinto, Avesso, Vinhão e um pouco de Touriga Nacional. Aqui encontramos também uma vinha mais velha de dois hectares, com 35 anos de idade, na zona de maior inclinação da quinta, superior a 20%. Batizada pela família Vinha da Encosta, é a primeira vinha ao alto da região dos Vinhos Verdes – destes sete artigos originais nasceu o Vinha do Avô, nome que foi dado à vinha pelos netos de Rogério de Castro e que corresponde a uma edição limitada comemorativa da primeira vinha contínua da quinta.
Porém, é o sistema de vinhas em Lys que predomina na Quinta de Lourosa. Trata-se, como nos explicou o investigador, de um “conceito de sistema de condução plurispacial”, que tem como palavras chave a “adequação” e “ergonomia”.
É o próprio Rogério de Castro quem admite que este é “um projeto sempre em construção, que tinha na origem vinhas em ramada e algumas ainda em enforcado”. Inicialmente, a viticultura da quinta seguia “o sistema de produção próprio da região, com hortícolas e milho, com vinha na bordadura”. As ramadas foram mantidas, “por razões histórias, de património e tradição, mas demos uma volta completa. Procuramos inspirar-nos no que era a viticultura tradicional da região, mas em permanente atualização”, afirma.
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