Fregueses fazem compras nas mercearias do Porto mas de forma mais contida neste Natal

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A população continua a fazer compras nas mercearias do Porto nesta época de Natal “como sempre o fez”, mesmo que de forma mais contida e apesar do aumento do preço dos produtos.

Em visita a algumas mercearias da cidade, a Lusa conversou com os proprietários que admitiram que a inflação “não está a ter muito impacto” nas vendas nesta época natalícia.

Na Pérola do Bolhão, que abriu há mais de 100 anos, em 1917, na época natalícia o que mais se vende são os frutos secos e o bacalhau: “as pessoas continuam a vir aqui, mas levam é menos. Em vez de levarem um quilo, levam meio quilo, por exemplo”, disse o proprietário da mercearia “Pérola do Bolhão”, António Reis.

António Reis admitiu um aumento de “cerca de 10%” nos preços, mas salientou que “não está a ter impacto” nas vendas.

O mesmo acontece na Mercearia do Bolhão, onde “as pessoas estão a comprar o que já compravam”.

“Não sinto que as pessoas estejam a optar por coisas mais baratas, mantém-se tudo igual. As pessoas ainda estão a ir ao antigo, aos velhos costumes”, explicou o dono do estabelecimento, Alberto Rodrigues.

Na mercearia Comer e Chorar por Mais, mesmo com um aumento de preços de “5% a 10%”, os clientes também se têm mantido e estão a “levar as mesmas coisas que levavam” nesta época.

“Quando as pessoas cá vêm fazem um comentário ou outro por causa da inflação, mas não se queixam muito. Contudo, considero que as pessoas estão mais sensíveis”, referiu a proprietária da loja, Inês Silva.

Também a mercearia Casa Natal, aberta desde 1900, continua a ter “mais ou menos a mesma quantidade de clientes”, mas o proprietário, Nuno Rocha, nota “uma certa retração” nas compras.

“Quem comprava 10 euros, agora compra cinco ou oito. Não sinto alteração de hábitos de consumo, o que sinto é retração de consumo. No entanto, por estarmos na época natalícia, as pessoas continuam a gastar”, explicou, apontando aumentos entre os 15% e os 20% no preço dos produtos.

 Segundo contou Nuno Rocha, “a conversa entre os clientes é sempre a mesma, que os preços aumentam, mas os salários ou as reformas não aumentam, que assim fica cada vez mais difícil e que não há dinheiro para tudo”.

O proprietário referiu que é na altura de pagar que se ouvem as queixas, apontando que há uma percentagem maior de clientes que, agora, “quando está a pagar, pergunta o preço dos produtos e isso não costumava acontecer”, considerando que “as pessoas começam a estar mais preocupadas com os preços”.

“Andamos a encurtar margens de lucro para não onerar ainda mais a clientela, porque se não o fizéssemos estaríamos a falar de aumentos de preços de 30% a 35%. Nós sacrificamos o nosso lucro para não subir tanto aos preços e para não deixar de vender”, acrescentou.

Para o dono do Mercado de Cedofeita, Américo de Oliveira, há “menos pessoas a comprar”, apontando a “falta do poder de compra” como causa.

“As pessoas compram pouco, porque há pouco dinheiro e os preços dos produtos têm subido muito”, afirmou.

Já pelas ruas do Porto, entre os consumidores, as opiniões dividem-se, se uns admitem que, este Natal, vão reduzir em tudo, desde presentes à alimentação, outros garantem que vão manter a tradição, pelo que a inflação não vai ter um “grande impacto” nas festividades natalícias.

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