A educação para o paladar e o direito constitucional à alimentação são alguns dos temas que estarão em discussão num congresso europeu sobre gastronomia, que se realiza na sexta-feira no concelho de Oeiras, foi divulgado.
O evento, que decorrerá no Taguspark, é organizado pela Comunidade Europeia da Nova Gastronomia (ECNG) e pela Câmara Municipal de Oeiras, do distrito de Lisboa, contando com a presença de vários oradores nacionais e internacionais.
Em declarações à agência Lusa, Carlos Fontão de Carvalho, sócio fundador da ECNG, explicou que o grande objetivo desta conferência é dar a conhecer o conceito de “nova gastronomia”, desmitificando a ideia de que “a gastronomia tem só a ver com o prazer da mesa”.
“Nós entendemos que a gastronomia vai mais além do que o simples prazer da mesa. Andámos com as academias a discutir o que poderia ser a nova gastronomia e identificámos vários pontos. Este congresso de Oeiras vem tentar traduzir esses aspetos principais das nossas preocupações e objetivos”, apontou.
Nesse sentido, Carlos Fontão de Carvalho explicou que o conceito de “nova gastronomia” deve assentar sobre quatro pressupostos relativamente à comida: “saborosa”, “saudável”, “solidária” e “sustentável”.
“Temos de comer comida saudável e caminhar para aí, mas, obviamente, que ela tem também de ser saborosa, se não, as pessoas não comem. Achamos também que a gastronomia tem de assentar em produtos sustentáveis e ser solidária”, sublinhou.
Relativamente ao aspeto da comida saudável, o responsável da ECNG defendeu a necessidade de as crianças serem educadas para o gosto e paladar, conseguindo distinguir quando a comida está bem ou mal confecionada.
“Temos de educar as nossas crianças a distinguir um peixe bem cozido de um peixe mal cozido. De um peixe de qualidade e um de má qualidade. Uns brócolos bem cozidos e uns brócolos mal cozidos. Nós entendemos que os países da União Europeia deviam incluir dentro dos seus sistemas educativos a educação do gosto”, defendeu.
Já relativamente à questão da solidariedade, Carlos Fontão de Carvalho defendeu que se deve assegurar o direito constitucional à alimentação e solidariedade entre todos os intervenientes na cadeia alimentar, considerando que é esse fator que está a fazer aumentar o preço dos produtos.
“Nós defendemos que devia haver um código deontológico neste setor alimentar e é isso que também vamos falar no congresso”, apontou.
Outra das questões que será abordada neste congresso de Oeiras é a constituição de um Observatório Europeu de Gastronomia, que terá como objetivo principal “identificar, inventariar, transmitir e difundir a riqueza cultural da gastronomia europeia”.
“Queremos que venha a ser implementado e há um acordo entre os vários países que estão na comunidade para que ele tenha sede em Portugal. O objetivo seria tentar monitorizar todos os países da União Europeia e ir acompanhando a evolução”, explicou.
Alguns dos oradores presentes neste congresso são Maciej Dobrzyniecki (co-presidente da ECNG), Luís Baena (chef de cozinha), José Manuel Ávila (diretor-geral da Fundação Espanhola de Nutrição) Alfonso Marín (secretário da Academia Ibero-Americana de Gastronomia) e Karine Castro (Instituto Gastronomia Vegetal de Paris).