O Alentejo de Manuel Lobo

A experimentar

Conhecido, sobretudo, pelo talento que empresta como enólogo aos grandes vinhos que faz no Douro e no Tejo, Manuel Lobo assume-se agora, também, enquanto produtor no Alentejo, liderando a casa de sua família, Lobo de Vasconcellos.

 Texto: Luís Lopes

Fotos: Lobo de Vasconcellos e Luís Lopes

 A família de Manuel Lobo de Vasconcelos possui propriedades no Tejo e no Alentejo desde há várias gerações. A vocação vitivinícola familiar vem, na verdade, desde o séc. XVIII, com maior expressão no século XIX, quando da construção da adega da Quinta do Casal Branco, em Almeirim. A chegada ao Alentejo aconteceu mais tarde: foi em 1968 que o avô de Manuel Lobo, adquiriu a Herdade da Perescuma, com 543 hectares, na Vendinha. No início dos anos 80, coube ao pai de Manuel, Francisco de seu nome, adquirir para a família a Herdade do Zambujal do Conde, perto de Évora, com 512 hectares. Cereal de sequeiro, pecuária, floresta, caça, foram as principais actividades agrícolas destas duas herdades ao longo de várias décadas. Tal como muitas outras, também estas terras foram ocupadas na sequência da revolução de 1974, tendo a última parcela sido devolvida apenas em 2014. Em 2020, fizeram-se partilhas dentro da família, tendo o tio de Manuel Lobo, José Lobo de Vasconcelos, ficado com a Quinta do Casal Branco, da qual é, desde há muitos anos, o administrador. Ao seu irmão Francisco coube o património alentejano.

Manuel Lobo tem na Herdade da Perescuma muitas das suas memórias de infância, ali passando largas temporadas em família. “Foi aqui, nas estradas de terra batida e sem trânsito, que aos 12 anos aprendi a guiar um carro”, confessa. A paixão pela agricultura ali nasceu também, mas, ao contrário das três gerações que o antecederam, não seguiu a carreira de agrónomo, optando pela enologia, concluindo o curso da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em 1999. O gosto pela vinha e pelo vinho fê-lo plantar as primeiras videiras em Perescuma ainda durante a sua formação na UTAD. A adega foi construída em 2006, aproveitando alguns financiamentos da União Europeia. No entanto, apesar de terem, na sequência lançado o tinto Perescuma, nunca se apostou muito na marca, rentabilizando a adega através do aluguer a algumas das maiores casas do Alentejo. Hoje, para fora, fazem apenas prestação de serviços. Paralelamente, um contrato com um gigante espanhol da olivicultura ocupa parte da propriedade com olival intensivo.

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