Do bacalhau às rabanadas, os Vinhos Verdes são mesmo para todas as ocasiões. Versáteis e abrangentes, nuns casos procurando a elegância e frescura, noutros a estrutura e complexidade, os tintos, brancos ou até doces e espumantes da região prometem um Natal mais feliz.
Bacalhau cozido com todos
Nem sempre foi assim, mas já se sabe que em Portugal não há Natal sem bacalhau. E se foi para fintar a regras religiosas que impunham o jejum e abstinência de carnes até à missa do galo que os minhotos se afeiçoaram ao bacalhau seco, é claro que foi também com vinhos das suas produções que o começaram a levar à mesa da consoada.
Em meados do século passado, a tradição minhota acabou por se generalizar e hoje o bacalhau é rei em todas as mesas de Natal, um reinado na generalidade partilhado com outros (muitos) pratos, já que se por um lado se procuram preservar também as tradições locais, por outro já ninguém se lembra de que ao jejum correspondia também a maior das frugalidades.
Entre as centenas de receitas, a mais popular é a que tem por base o bacalhau cozido com batatas e couves, tudo regado com um fio de bom azeite e vinho a condizer. No Minho, há ainda quem não prescinda dos tintos da colheita mais recente – que serviam também para avinagrar o molho de azeite –, mas a oferta é agora de tal modo vasta e qualificada que exige uma escolha bem mais criteriosa.
Polvo cozido ou assado
A tradição do polvo predomina ainda como prato principal em Trás-os-Montes e nos Açores, mas o octópode é presença cada vez mais frequente em todas as mesas do país. E se nas ilhas tem que ver com a disponibilidade do produto, por cá a tradição entrou pelas zonas raianas com a Galiza e com a possibilidade de o preservar seco, tal como o bacalhau.
O regime de Salazar tentou bani-lo, mas ele nunca faltou na raia nortenha, tendo originado movimentos de contrabando que cuidaram do seu abastecimento. São muitas as formas de o preparar, mas é sobretudo cozido ou assado no forno que é consumido na ceia natalícia. Para o preparar, primeiro é preciso amaciá-lo. A água deve ferver em cachão, há que lhe pegar pela cabeça e mergulhá-lo cinco vezes na água fervente. Diz-se que aqueles que têm ventosas maiores são os que menos encolhem – e os mais macios e tenros.