O patriarca da família Cardoso, João, guia o carro por entre as vinhas da Herdade da Lisboa e mostra com orgulho os talhões de cada casta. Está mesmo por dentro de tudo do projeto, de cabeça e coração. Se considerarmos que possui actualmente 700 hectares de olival, 300 hectares de vinhas e 400 hectares de floresta e outros cobertos autóctones distribuídos pelo Alentejo, Ribatejo e Douro, tem-se um verdadeiro feito da parte deste senhor, cheio de energia. “A herdade fazia vinhos inigualáveis no Alentejo com a marca Paço dos Infantes, na década de 80”, diz ele, orgulhoso da aquisição em 2011 desta propriedade de imenso potencial da Vidigueira.
A Herdade da Lisboa reúne uma área bastante ampla atualmente, de 350 hectares totais, dos quais 105 hectares de vinha, 80 deles replantados em 2006, 2007 e 2008, e os restantes em plantios mais recentes. Como é comum no Alentejo, o encepamento escolhido homenageia as castas clássicas alentejanas e portuguesas (Antão Vaz, Arinto, Roupeiro, Verdelho, Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Touriga Franca e Trincadeira), mas também abre-se ao experimentalismo com castas internacionais (Viognier, Chardonnay, Syrah, Petit Verdot e Cabernet Sauvignon).
A Vidigueira é um caso à parte no Alentejo, reconhecida pela frescura dos seus brancos e tintos. Para além da influência da Serra do Mendro, que emoldura as vinhas suavemente onduladas, a herdade está sitiada entre águas, com a Ribeira de Selminhos à nascente e a Ribeira do Freixo a poente, pactuando para um mesoclima bastante particular, exponenciador da afamada frescura da sub-região. Outra característica inata dos vinhos da herdade vem dos seus solos. Caminha-se por entre as vinhas a escutar o barulho das pedras de xisto a esfacelarem-se sob os nossos pés, amalgamando-se com a argila avermelhada da sua decomposição.
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