Daquilo que ouvimos a produtores e enólogos, sente-se no ar a pergunta a que todos gostariam de responder afirmativamente: será que vamos ter outro 2007? Naquele ano “mágico” aconteceu algo pouco habitual: um estio ameno sem grandes escaldões, o que permitiu às uvas manterem-se a trabalhar e fazendo com que o resultado final acabasse por ser o sonho de qualquer enólogo.
O país é pequeno mas a diversidade é muita e, por isso, neste momento, temos situações que, de tão antagónicas, quase parecem inverosímeis: em algumas regiões ainda não se começou a vindimar, caso de vários produtores da Bairrada e Vinho Verde, por exemplo, enquanto noutras zonas há já muito tempo que os cestos estão lavados, com os vinhos a fermentar nas cubas ou barricas. Daquilo que ouvimos a produtores e enólogos, sente-se no ar a pergunta a que todos gostariam de responder afirmativamente: será que vamos ter outro 2007? Naquele ano “mágico” aconteceu algo pouco habitual: um estio ameno sem grandes escaldões, o que permitiu às uvas manterem-se a trabalhar e fazendo com que o resultado final acabasse por ser o sonho de qualquer enólogo: uvas maduras, acidez elevada, bons compostos aromáticos e grande equilíbrio dos mostos. É a temperatura do verão que vai determinar o grau de acidez; não há anos de boa e má acidez, ela nasce sempre igual. Quanto mais calor houver de verão mais ela se degrada e, se o verão for ameno, ela degrada-se menos e acaba por originar vinhos de ótima acidez. É o paraíso para os vinhos brancos e, por arrastamento, para os tintos e os generosos. Não esqueçamos de 2007 foi ano clássico de Porto Vintage e gerou vinhos de altíssima classe. Do que ouvimos, há clara noção da quebra das quantidades, da acidez excelente dos vinhos da costa alentejana, dos lagares de Castelão em Palmela que são de cortar a respiração (pela qualidade potencial) e de um ano nos Açores que vai ficar na memória (Bernardo Cabral). No Ribatejo, António Ventura — prolixo enólogo que trabalha em várias regiões — diz-nos que a vindima vai a 1/3, mas também aqui as noites frias (chega a haver 15° de diferença do dia para a noite) estão a ajudar a conservar a acidez, e a Fernão Pires, Sauvignon Blanc e Arinto estão em grande nível. Para Ventura, “tudo leva a crer que teremos, pelo menos, um grande ano de brancos; para já está tudo a correr bem!”