Revista de Vinhos
Luís Alves 30.07.2021
A sabedoria do povo aconselha-nos a “fugir do mau vizinho e do excesso de vinho”. O provérbio popular não podia ser mais adequado a estes vizinhos. De um lado da rua, uma das mais antigas – se não mesmo a mais antiga – adega cooperativa do país; do outro, um produtor de cerveja artesanal. Não só parecem ser bons vizinhos como até produzem em conjunto (e sem excessos). O resultado da boa vizinhança foi, para já, a Wheat Wine Grape Ale, uma cerveja colaborativa feita com mosto de uva da casta Malvasia de Colares.
Em comum, produtores de vinho e cervejeiros têm a paixão pelas fermentações. “Numa das nossas muitas conversas surgiu o estilo de cerveja Grape Ale, onde se fermentam conjuntamente mostos de uva e de cerveja”, começa por explicar Francisco Figueiredo, enólogo da Adega. Daí até à “Cerveja de Colares” foi um pequeno passo que se concretizou na vindima de 2020, um ano particular. “Em pleno período pandémico, de dificuldades económicas, nada como dar as mãos, num espírito de colaboração”, refere Sérgio Pardal, da Hopsin.
A Wheat Wine Grape Ale resulta numa cerveja com características da própria casta, um ícone autóctone da região, com notas frescas, de fruta e também de acidez. A receita não demorou muito a afinar, até porque não havia tempo para isso. Afinal de contas, em período de vindima, as 24 horas do dia revelam-se sempre curtas. “A receita foi criada pelo cervejeiro Fernando Gonçalves e pelo Sérgio [Pardal] depois de provarmos vários mostos e vinhos brancos. A experiência deles foi essencial. O mosto foi obtido por prensagem direta, tendo arrefecido e sido decantado antes de se juntar ao fermentador da Hospin”, explica o enólogo.
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