Ir de férias pode ser mais do que apanhar banhos de sol. Para quem gosta de provar a cultura local, Ricardo Dias Felner sugere um produto por cada distrito e região de Portugal para trazer na mala de viagem.
Açores
Pimenta da terra
Os Açores têm muitos tesouros. Hoje em dia, felizmente, boa parte consegue-se encontrar nalgumas lojas em Lisboa e Porto. Mas se só pudesse trazer uma coisa das ilhas, seria pimenta da terra, a pasta picante açoreana. Em quase todas as ilhas há pequenos produtores que ainda a fazem sem conservantes, nem espessantes. As aplicações são várias, do clássico acompanhamento do queijo fresco (ou mesmo de um queijo de pasta mole do Pico) ao tempero de carne de porco, seja nuns secretos fritos à alentejana, seja num cachaço no forno.
Outros: Meloa de Santa Maria, alho da Graciosa, ananás de São Miguel.
Aveiro
Ostras
A Ria de Aveiro dá muita coisa boa, mas de entre os bivalves nada bate as ostras. Ao contrário do que se possa pensar, as ostras conservam-se por mais tempo do que outras espécies marinhas, pelo que, se forem bem acondicionadas, dão um souvenir para trazer de férias e degustar na paz do lar. Eu prefiro as de calibre pequeno a médio, porque mais delicadas, mas nem sempre estão disponíveis. De resto, se não gostar de ostras, sugiro enguias. Na impossibilidade de trazer uma caldeirada de enguias à moda da Murtosa, pode sempre adquirir as enguias. Uma hipótese é ir buscá-las frescas ao Mercado da Costa Nova e ver como elas são amanhadas vivas, uma arte ancestral, difícil de replicar em casa. Outra hipótese é passar na fábrica da Comur na Murtosa e trazer umas latas. A fábrica continua a laborar como antigamente, mantendo os métodos artesanais de sempre. O seu produto mais célebre são as enguias de escabeche, mas há outros peixes enlatados de qualidade.
Outros: Enguias de conserva, bacalhau de cura prolongada, ovos moles.
Beja
Queijo de Serpa
O queijo de Serpa, no seu máximo esplendor, é absolutamente extraordinário e bate-se com o seu primo instalado mais a Norte, o Serra da Estrela. É também ele feito com leite cru de ovelha e também ele dificilmente se encontra, na sua máxima forma, longe das queijarias onde é feito. Na altura de escolher, o mais importante não será se tem ou não certificação de Denominação de Origem Protegida. Pergunte aos locais e procure os pequenos produtores com rebanho próprio, essa é uma das melhores garantias de que o leite não viajou desde além-fronteiras.
Outros: Queijadas de Serpa, vinho de Mértola, fumeiro.
Braga
Vinho Verde tinto do lavrador
Os Vinhos Verdes tintos não têm gozado de particular fama. Parte disso resulta da fraca qualidade de muitas garrafas, mas também porque tem dominado uma política do gosto que exclui vinhos sem “complexidade”, seja lá o que isso for. Ora, para quem não tem complexos, um vinho tinto da região do Vinho Verde, feito essencialmente de uvas da casta Vinhão, é uma maravilha fresca (refresque-o, sim) que se bebe como um suminho, sobretudo se for bebido na típica malga. Um pouco por toda a região encontra pequenos lavradores que fazem produções de 500 litros ou menos e que engarrafam sem rótulo. Se puder provar antes, ou pelo menos cheirar, para afastar garrafas com defeitos mais evidentes (acidez volátil, aromas a verniz ou pior), tanto melhor.
Outros: Fumeiro, broa, bacalhau seco, doçaria de Guimarães.
Bragança
Porco bísaro
Trás-os-Montes tem tantos tesouros que é difícil escolher só um. No distrito de Bragança, há a amêndoa de Moncorvo, a castanha da Terra Fria e azeites poderosos, claro. Mas estamos na terra do porco e, entre eles, do porco bísaro, raça celta que esteve à beira do extermínio mas tem vindo a ser recuperada. Não é fácil encontrar animais sem cruzamentos, mesmo entre pequenos produtores – alegadamente porque o consumidor acha o bísaro puro demasiado gordo -, mas é possível. Para quem acha que gordura suína é virtude e não defeito – como eu -, o bísaro é uma carne de excelência. Nunca esquecerei um presunto rústico de bísaro que comi num café algures na zona do Montesinho, há uns anos. Vinhais é a terra que mais tem promovido a raça, mas ela está por toda a região, sobretudo a Norte do distrito.
Outros: Mel, carne de mirandesa, alheira de Mirandela.
Castelo Branco
Queijos da Beira Baixa
Mais uma vez a escolha é difícil, mas estamos num distrito que apanha dos meus queijos favoritos. Já sabemos que as versões demasiado massificadas dos queijos da Beira Baixa, mesmo se certificadas que encontramos nos grandes supermercados, nem sempre são as mais saborosas, pelo que o desafio é encontrar na região os produtores certos, que tenham leite próprio de animais saudáveis (ovelha e cabra) e, de preferência, que usem o coalho natural da região – nomeadamente, a flor do cardo – e não preparados industriais. De Idanha-a-Nova a Proença-a-Nova encontram-se verdadeiras jóias, incluindo um Castelo Branco picante sem os excessos salinos habituais.
Outros: Azeite, broa de mel e a fruta da Cova da Beira, entre elas: cerejas, pêssegos e maçãs.
Coimbra
Bucho de Arganil
O bucho beirão é um desses enchidos raros, talvez por requerer muito artesanato. A ideia é juntar arroz e carne de porco, devidamente condimentada com especiarias e ervas, que podem incluir noz moscada e salsa, tudo encapsulado num estômago suíno bem limpo. Uma das capitais do bucho é Arganil. Foi de lá que veio um exemplar que uma mão amiga me fez chegar, comprado no Talho Boa Carne de Arganil (235 202 204). Um bucho dá umas quantas refeições rápidas. Basta cortá-lo em rodelas e comê-lo mesmo à temperatura ambiente ou aquecido numa frigideira.
Outros: Arroz do Mondego; leitão assado, pastéis de Tentúgal.
Évora
Porco de raça alentejana
Se tivesse de escolher os 10 produtos portugueses mais valiosos, o porco de raça alentejana, também conhecido como porco preto ou ibérico, estaria na lista. Grande genética, grande sabor e aroma, e ainda por cima tem ácido oleico monoinsaturado. Já sabemos que a maior parte da produção é comprada pelos espanhóis e usada nos seus presuntos de topo, mas é possível encontrá-la na venda ao público um pouco por todo o Alentejo. Procure carne de animais criados ao ar livre, que se alimentem de bolota e de cereais de qualidade, como são os porcos da Porcus Natura, estabelecidos na Herdade de São Luís (Ermida de São Luís da Mogueira, Serra de Monfurado, 93 985 8934). Peça para embalar a carne em vácuo e, quando a quiser cozinhar, passe-a por água corrente rapidamente e seque-a com papel de cozinha. Bastam umas pedrinhas de sal e é só cozinhá-la — pouco! — na frigideira. Ah, e traga também meio quilo de banha dos bichos. Vai dar-lhe para o ano inteiro.
Outros: Barrigas de Freira, queijadas de requeijão, queijo de Évora, azeites de galega.
Faro
Folar de Olhão
O Algarve é praticamente representado na sua totalidade pelo distrito de Faro, o que dá uma diversidade incrível de produtos. Já o escrevi e repito, estamos numa das regiões mais interessantes em termos de hortícolas, sobretudo de frutas, mas não só. Podia escolher as amêndoas, os figos lampos secos de forma tradicional, as azeitonas britadas e de sal (em desaparecimento), as conservas de pescado (da muxama às ovas de choco, passando pelos biqueirões em vinagre), o tomate rosa ou as malaguetas e os piri-piri artesanais, os enchidos da Serra de Monchique, como a farinheira (nada a ver com a do resto do país; esta é feita com farinha de milho e sangue), ou os chouriços de porco de raça alentejana (sim, também o usam aqui). Para souvenir, este folar de Olhão cai contudo muito bem e ajuda-nos a equilibrar a quota dos doces. É um bolo que pode durar semanas, se bem acondicionado, tal é a profusão de gordura (prefira os que levam manteiga em vez de margarina) e especiarias.
Outros: Medronho; batata doce de Aljezur, orégãos secos, bolo de tacho.
Guarda
Queijo da Serra da Estrela
Dificilmente se consegue um Serra da Estrela de topo se não formos à região, pelo que veja a viagem como uma oportunidade única. O meu Serra mais delicioso comi-o em Celorico da Beira, de um produtor pequeno. Quando lhe perguntei onde poderia comprar, ele respondeu-me: “Só me pode comprar a mim, pessoalmente. A minha produção é mínima e esgota rapidamente”. Esta é a regra, não a excepção. Procure queijos limpos no aroma e com a casca sem fissuras. Os melhores restaurantes da zona compram muitas vezes a particulares: informe-se junto deles ou de pessoas da terra. Lembre-se também que o queijo da Serra da Estrela é um produto sazonal, nem sempre está em plena forma. Por esta altura e até Novembro, Dezembro, talvez seja preferível escolher, em vez dos amanteigados, exemplares com pasta mais dura, já com alguns meses de cura.
Outros: Chouriço de carne, morcela da Guarda.
Leiria
Pão-de-ló de Alfeizerão
Parece estranho, mas uma das coisas de que mais gosto no distrito de Leiria é um enchido, dos meus preferidos: morcela de arroz. Nos talhos fora da região de Leiria, começa a ser raro encontrá-la, porque a sua conservação é mais frágil do que a da sua irmã, a morcela de sangue sem arroz — que beneficia também de uma distribuição mais alargada. Se a trouxer embalada em vácuo, pode durar duas semanas no frio. Coza-a na panela, mantendo a água sem borbulhar furiosamente, ou asse-a e sirva-a de entrada. Ainda assim, a minha escolha para a região recairia num produto feito mais a sul, em Alfeizerão. É aí que vive o meu pão de Ló favorito, cheio de ló e escasso em pão, um dos bolos mais decadentes do receituário tradicional. O meu produtor de eleição é a pastelaria O Castelo, no centro da vila. Fora isso, continuando para Lisboa, vale a pena dar uma saltada à maravilhosa Praça da Fruta de Caldas da Rainha, onde ainda se encontram hortícolas de lavrador, uma raridade num Oeste cheio de pomar super-intensivo e intensivo.
Outros: Ginja de Alcobaça, doces conventuais, cavacas, fruta.
Lisboa
Pastel de nata
Bem sei que há pastéis de nata por todo o país, mas é aqui o seu berço e em nenhum outro distrito a concorrência é tão grande. A dificuldade pode ser escolher onde comprar, sendo que aos nomes mais implantados, como a maravilhosa fábrica dos Pastéis de Belém ou a mais recente Manteigaria, se juntam pequenas pastelarias de bairro que por vezes até a massa folhada fazem de raiz. Uma forma de escolher onde comprar é consultar os vencedores do concurso O Melhor Pastel de Nata, que este ano vai voltar a realizar-se. Os vencedores serão anunciados pelo júri (liderado pelo gastrónomo Virgílio Gomes), no dia 18 de Outubro, no âmbito do Congresso dos Cozinheiros. Aos 9 finalistas, juntar-se-ão os três primeiros classificados de 2019, último ano em que a prova se realizou. Na altura, o vencedor foi a pastelaria Santo António, perto do Castelo de São Jorge.
Outros: Marmelada branca de Odivelas, queijadas de Sintra.
Madeira
Rum agrícola da Madeira
A tradição de processar cana de açúcar vem do século XV e ainda perdura, por causa das excelentes condições edafoclimáticas. Ora, quando se reúne boa cana de açúcar, técnica ancestral e tempo é só não inventar muito. E é isso que os madeirenses fazem com o seu rum agrícola, capaz de bater os congéneres caribenhos. Quase toda a produção fica na região, onde é empregue sobretudo na poncha, mas a qualidade deste destilado, atestado por vários prémios, justifica que ele seja apreciado por si. Procure os rótulos com a menção “Rum da Madeira” ou “Rum Agrícola da Madeira”. Uma das marcas comerciais de referência é a J. Faria e Filhos, Lda, proprietária da destilaria Engenhos do Norte, onde se faz a “Branca”, vencedora da medalha de ouro do International Spirits Challenge de 2016.
Portalegre
Pimentão do Carvalhal
Os espanhóis têm uma grande tradição a fazer paprikas, mas há no Alentejo há uma família que manteve a tradição de produzir um pimentão de excelência. A marca Pimentão do Carvalhal (245 330 291, hamhugo@hotmail.com) foi fundada em 1930 e posteriormente vendida à família de Hugo Nascimento (não o chef), que tem prosseguido a tradição. O pimentão tem notas adocicadas, sendo feito à base de pimentos picantes seleccionados e desidratados em fornos tradicionais de lenha de produtores da região de Ponte de Sôr. Um dos cliente do Pimentão do Carvalhal é o restaurante Tombalobos, bastião da cozinha do Alto Alentejo. Ao leme está José Júlio Vintém, amante de comidas várias, das mais sofisticadas às mais rasteiras. Ora, não será fácil levar nem um nem outro de souvenir, até porque são ambos grandes, mas desde há uns meses que é possível transportar os seus petiscos para fora. Durante a pandemia, José Júlio Vintém decidiu começar a enfrascar fraca de escabeche, pezinhos de porco de coentrada, salada de pato, entre muitas outras comidas prontas a comer. O sucesso foi tal que decidiu manter a produção. Os frascos podem ser comprados online, mas os preços são ainda mais simpáticos se adquiridos no sítio de origem, ou seja, no Tombalobos de Portalegre. Com ou sem paprika.
Outros: Chouriço mouro,lombo enguitado, paia do lombo de Estremoz, farinheira de Estremoz
Porto
Capão de Freamunde
Só os cozinheiros mais obstinados conseguirão comprar um capão de Freamunde fora da região de origem, delimitada pela I.G.P. (Indicação Geográfica Protegida). Por isso, o melhor mesmo é encomendar e, de viagem, passar a apanhar a ave num dos produtores da região. A maioria deles abate e entrega já desmanchado. São bichos de grande porte, castrados passados três a quatro meses depois de nascerem, de raças portuguesas, e que devem andar ao ar livre durante o dia e ter uma alimentação com pelo menos 80 por cento de milho amarelo ou branco, outros cereais, vegetação espontânea e couve galega. O rei dos capões é Alfredo Meireles (91 271 4390), com capoeira em Lousada. Já ganhou por três vezes o Concurso de Melhor Capão Vivo, mas pode encontrar outros produtores na página do Facebook da Associação de Criadores de Capão de Freamunde, entre eles a vencedora do último concurso de 2020, Manuela Queirós (91 818 9209).
Outros: Broa de Avintes, conservas de pescado, enchidos do talho do Leandro.
Santarém
Melão Manuel António
Há mais de 60 anos, um regente agrícola de Alpiarça e funcionário da Junta viu um magnífico campo de melões na Amareleja, no Alentejo, e pediu para ficar com algumas sementes. Levou-as para a sua terra de origem e forneceu-as ao seu amigo Manuel António, homem experimentado na agricultura. Manuel António plantou-as nas suas terras em Alpiarça na década de 1970 e apareceram todo o tipo de cucurbitáceas, de abóboras a curgetes, com alguns melões pelo meio. Em vez de baixar os braços, Manuel foi selecionando os melhores exemplares, frutos arredondados e de casca encortiçada. Hoje, não será fácil encontrá-los, tal foi a hegemonia dos melões branquinhos inventados nos laboratórios de melhoramento de sementes a partir dos anos 1980, mas persiste em Alpiarça um grupo de indefectíveis que os põe no mercado, muitas vezes com o nome genérico de melão de Almeirim, designação, contudo, onde cabem outras variedades. Escolha apenas os maduros ou poderá ter uma desilusão.
Outros: Salgema de Rio Maior, azeite de galega, pão da Ramalhosa.
Setúbal
Frutas do Mercado do Livramento
Eis outro distrito cheio de coisas boas e surpreendentes. A minha sugestão é que vão ao Mercado do Livramento, em Setúbal, e aí se abasteçam dos vossos souvenirs. Há peixes extraordinários, também, claro, mas eu nunca deixo de visitar a banca de hortícolas na fila encostada à direita, no sentido de quem entra no mercado, onde se alinham pequenos produtores que só vendem o que plantam. Foi aí que comprei uns pêssegos magníficos, com um bico característico, mas também maçãs sumarentas, nozes saborosíssimas, malaguetas raras. Por falar em malaguetas, no Verão é obrigatória a visita à banca de Alice Tavares, que vende plantas de variedades de malaguetas difíceis de encontrar em Portugal, como as pimentas biquinho do Brasil, que ela própria produz. Se quiser já o produto acabado, traga também os seus molhos de piri-piri, nomeadamente os feitos com os seus habaneros.
Outros: Ostras do Sado, Cabeça de Xara da Aldeia do Cano, Queijo de Azeitão, Maçã riscadinha de Palmela.
Viana do Castelo
Bolos e mais bolos
As pastelarias de Viana do Castelo, e do Alto Minho em geral, são um campeonato à parte. Numa altura em que a indústria dos pozinhos instantâneos enchem as pastelarias do país de creme de pasteleiro manhoso, resistem nesta região exemplos de pessoas que ainda tratam a doçaria como artesanato. Em Viana, já sabemos que as bolas de Berlim da pastelaria de Manuel Natário são obrigatórias, tal como a torta de Viana, mas eu sou do clube dos sidónios, pelo sabor e pela história. Sidónio vem de Sidónio Pais, o fugaz Presidente da República assassinado em 1918, nascido em Caminha. Dizem os minhotos que o bolo toma a forma do seu caixão, ainda que adocicado por massa folhada, ovos, amêndoa e muito açúcar, naturalmente.
Outros: Meias-luas de Viana, Doces de Gema, fumeiro de Ponte de Lima, feijão tarrestre.
Vila Real
Alheiras de Montalegre
São tantas as coisas boas deste distrito que fica difícil escolher. Do azeite à batata, do folar à carne de maronesa, do mel à castanha, do chouriço de abóbora à vitela Barrosã, a dificuldade é arranjar espaço na bagageira para trazer tudo. A minha escolha, contudo, recairia nas alheiras. Por isto: não se comem alheiras como as daqui em mais lado nenhum. Do mundo. E esqueçam as Mirandela comerciais. As fábricas com selos de Mirandela, incluindo os de Mirandela D.O.P., deram cabo da reputação das alheiras. Hoje, as alheiras de supermercado são quase todas massudas e insípidas. Alheiras a sério, com carnes de capoeira, de porco e do que houver (vitela inclusive), bem curadas no frio de caves inóspitas, encontramo-las sobretudo nas casas das pessoas que vivem do porco, sobretudo nas casas dos transmontanos. Sou fã, em particular, das alheiras da zona de Montalegre, onde vários produtores artesanais as penduram todos os Invernos. A maioria desaparece por altura da Feira do Fumeiro de Montalegre, mas há quem as congele. Sorte a nossa.
Outros: Azeitona negrinha do Freixo, castanha, batata kennebec, fumeiro.
Viseu
Pastéis de Vouzela
Na impossibilidade de trazer um tupperware de vitela à Lafões, ou um pedaço de vaca arouquesa, aposte neste docinho. Sendo primo do pastel de Tentúgal, há quem diga que estes são mais autênticos, porque a produção é mais curta e permanece nas mãos de apenas quatro famílias da vila de Vouzela. Se procurar na Internet, não vai encontrar a receita, apenas uma referência genérica no site dos Produtos Tradicionais Portugueses. Mas já sabe que pode contar com um concentrado de gemas no recheio, devidamente envolvido por folhas quase transparentes de massa folhada, “tendida e seca numa tela especial, onde reside o segredo”. Caso prefira um souvenir salgado, numa pequena mercearia-talho junto à igreja de Penalva do Castelo, vendem-se umas morcelas artesanais extraordinárias, feitas na casa.
Outros: Morcela de Penalva do Castelo, Carne arouquesa, chouriça de vinho, vinhos do Dão, broa de Val de Vinos.
Ricardo Dias Felner
Escritor e Jornalista
Partilhe este texto: