Mais Tejo impossível, com as vinhas mesmo às margens do grande rio. Vinhos totalmente únicos no seu perfil. Certamente dos mais emocionantes na região, ainda que completamente desconhecidos da maioria. Por enquanto…
Conheci o António Vieira da Cruz a conduzir uma fantástica aula magna com prova de chás no evento Encontro com Vinhos e Sabores de Lisboa, anos atrás. A sua formação em Relações Internacionais levou-o diversas vezes à Ásia em trabalho e, nestas viagens, a sua sensibilidade foi tocada pelo fascinante universo da segunda bebida mais consumida no mundo, após a água. Os presentes ficaram estupefatos não somente com a qualidade e singularidade de cada chá, mas também com o imenso conhecimento do dono da Chás Andorinha e, por fim, do modo através do qual a Camellia sinensis retrata o terroir e pode sofrer processos fermentativos e de estágio, à semelhança das uvas viníferas.
Ao falar de terroir, António mencionou que a sua família também elaborava vinhos únicos no Tejo e, dada a sua sofisticação e sensibilidade, apenas poderíamos supor que tratava-se de algo muito especial.
Estamos a falar de uma pequena propriedade familiar em Salvaterra de Magos, a Terra Larga, onde nascem os vinhos Areias Gordas. Assenta no epicentro do macroterroir do Campo, nos solos férteis das inundações do rio e aluviais pelos depósitos nas suas margens ao longo dos milénios, positivamente influenciada pela frescura das suas brumas matinais. O Campo é terra de brancos vibrantes do Tejo, sobretudo à base de Fernão Pires, mas mormente trabalhados com altos rendimentos ocasionados pelo vigor vegetativo generoso em terras de fertilidade e, por isso, com vinhos de estrutura mais ligeira e carácter menos complexo. Exatamente o oposto do que nasce na casa dos Vieira da Cruz.
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