Há um novo tempo na Niepoort. Mantém-se a inquietude e a liberdade de pensamento, sublinha-se a ousadia de fazer diferente, reforça-se a necessidade de continuar a trilhar caminho próprio. Este novo tempo é de afetos, de início de efetivas cumplicidades com a sexta geração, de abraços sinceros aos amigos de sempre, de olhar Portugal ao microscópio.
No dia do 57º aniversário de Dirk Niepoort, a Revista de Vinhos provou o novo Porto Vintage 2019 e ainda o mais recente fruto da parceria com o chefe de cozinha Ljubomir Stanisic. Estreamos o que será uma mesa de privilegiados, desvendamos um clube privado de vinhos e um enoturismo que darão que falar e captamos o momento da serenidade de quem nos garante que continuará a pensar fora da caixa. Mas, vamos por partes.
A reportagem fora agendada para 11 de março. À chegada aos vetustos armazéns da Niepoort, na Rua de Serpa Pinto, perpendicular à marginal ribeirinha de Vila Nova de Gaia, percebemos que aquele era um dia especial para quem nos recebe. Na verdade, duplamente especial, na medida em que não apenas assinalava mais um aniversário como mostrava pela primeira vez à imprensa o novo enoturismo da Niepoort.
“O meu pai nunca trazia visitas para aqui porque achava que isto era sujo e velho, mas eu sempre gostei disto assim”, assume Dirk. O charme do espaço acaba por ser precisamente esse, o ambiente de quase velharia e a consequente sensação de que nada – ou muito pouco – terá sido mexido para acolher quem chega.
O amontoado de pipas de Vinho do Porto tem escrito a giz irregular o que lá guarda, a luz permanece ténue, a antiga sala de provas não necessita de qualquer retoque porque é, por si só, uma autêntica jóia de museu. Obviamente, houve intervenções nalguns espaços, de modo a permitir receber visitantes.
No corredor contíguo às pipas está a nascer uma garrafeira que será a extensão física da loja online da Niepoort, tendo espaço de degustação associado. A oferta incluirá os rótulos disponíveis no mercado nacional, os vinhos internacionais por cá representados pela Niepoort e algumas raridades. Ao lado, uma sala para apreciação de chá, onde é possível seguir o ritual associado ou mesmo participar em workshops pontuais. A sala comum terá capacidade para 25 pessoas sentadas.
Descendo uma enigmática escadaria, a cereja no topo do bolo. Uma sala com duas mesas corridas, capacidade máxima para 30 pessoas, decoração de inspiração medieval, uma cozinha criada de raiz para deixar brilhar chefes ou candidatos a tal e uma montra com a bonita coleção de saca-rolhas do pai de Dirk, Rolf Niepoort (que morreu em 2020). Depois, a magia da sala dos Vintages antigos da casa (onde realizamos a fotografia de capa desta edição da Revista de Vinhos).
Sim, um enoturismo diferente, como que uma casa para frequência de um clube privado.
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