Se for verdade que “cada um terá a vista do monte que subir” – conforme se lê, escrito a branco, numa parede de ardósia no interior do restaurante – Jorge Afonso, 50 anos, teve largos e brilhantes horizontes enquanto trabalhou no Café Império, mítica casa lisboeta com quase 70 anos de existência. “Com quatro anos eu já tirava imperiais e as pessoas achavam graça” – conta bem disposto -, “e como a certa altura andava a passear os livros, o meu pai, que conhecia os donos, disse-me para ir trabalhar para lá”.
“Entrei com 17 anos a achar que ao fim de uma semana me ia embora por não gostar daquilo, mas acabei por ficar lá 37 anos”. Nesse período, foi subindo a pulso, desde tirar cafés a ser o motorista que ia buscar a patroa a casa. “O Café Império era um ponto de encontro” frequentado pela elite lisboeta, com bar, restaurante e espetáculos, como noites de fados, em que Jorge Afonso viu atuar nomes como Madalena Iglésias, António Calvário, Anita Guerreiro “e artistas internacionais também”.
- O menu de almoço. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI).
- A esplanada do restaurante. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI).
Com o tempo, assistiu a todo o tipo de modificações, marcadas pela entrada de novos donos, e a certa altura incompatibilizou-se e saiu. Com planos A, B e C na manga para abrir um negócio próprio, acabou por agarrar a oportunidade de ficar com o espaço do Ao Monte, trocando a cidade cosmopolita por uma praceta tranquila nos subúrbios. Foi onde abriu a casa, há três anos. “O que me sustentou nos primeiros meses foram os clientes que conquistei no Império”, revela, e que ainda hoje o visitam.
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