Abram-nos os restaurantes, por favor!

A experimentar

Sim, estou desesperado e o meu único consolo é que sei que não estou sozinho.

Todos sonhamos e choramos pelos nossos queridos restaurantes.

Abram-nos, por favor!

Em nome de uma sanidade que provavelmente vale mais do que a que a COVID já roubou.

Que não nos afecta só a cabeça, mas o coração e alma, esses verdadeiros amordaçados da pandemia.

Abram-me os restaurantes, por favor!

Porque ninguém me traz a casa aquela conversinha boa e vadia com que somos acolhidos mal entramos na porta e que se espreguiça nas últimas novidades da bola ou da política.

E também não me trazem aquele simbólico acto de sentar, com uma vénia distraída aos circunstantes, a deixar que os pezinhos escorreguem, canónicos, para debaixo da mesa, com o guardanapo de pano, ainda a cheirar a lavado, a agasalhar-nos o colo.

Nem o cheiro inesquecível do pão que abrimos ainda quente e que desfaz, com um imperceptível frigir, a manteiga fresca que nele se conforta.

Ou a patanisca que nos vem de entrada, ainda fervente com o polme fofo e macio, a rir-se para nós.

Ou a broa, as azeitonas, o vinho da casa, o prato do dia, o simples menu que…, não me trazem!

Abram-me os restaurantes, por favor!

Onde está a minha lampreia, tentadora e cativante que se entrega oferecida num molho espesso de bordalesa?

Onde está o meu sável, fino e crocante, mais as ovas que rescendem numa açorda vaporosa e macia?

Onde está o peixe na brasa de todos os restaurante que levam o cheiro inconfundível do mar português?

Onde está aquele magnífico cozido à portuguesa, que vem à mesa gorda de domingo, no restaurante favorito da família?

Onde estão as tripas que nos fazem orgulhosos conjurados do Porto e do Norte?

Onde está o leite creme queimado na hora, o pudim abade de priscos, o cafezinho no fim. Vai hoje com cheirinho?

Onde está?

Onde está o chef Natário, o chef Delfim, a chef Adozinda, a chef Inês e todos os cozinheiras e cozinheiras de Portugal?

Abram-me os restaurantes, por favor!

Porque tenho, porque temos, saudades de tudo!

Até da dolorosa conta, pedida sofridamente no fim com a chalaça de lhe não somarem a data!

Porque temos saudades e porque temos medo…

Medo verdadeiro que não voltem a abrir.

Medo genuíno de uma vida onde se possa comer online ou beber por um ipad qualquer.

Medo de nos perdermos sem o conforto e o afecto do que tínhamos.

Medo da ausência,

Medo da solidão!

Abram-nos os restaurantes, por favor!


António Souza Cardoso
AGAVI

 

Partilhe este texto:

Últimas

Diane had been caught watching porn on her computer at work and was given milfbee.com a punishment by her boss. She was told to take her pants and panties xoxxx.net off and put on a strapon sex toy. She was then ordered to kneel tomfrigs.com in front of her boss and give her a handjob. Diane was nervous but bluefucking.com excited as she complied with her boss's demands. She felt the strapon against her pornoschip.com skin and suddenly realized how naughty she felt. She started to stroke her boss's firelard.com cock with increasing speed and she could feel her orgasm building. Finally, she let pornodocs.com out a loud moan as she came all over her boss's cock. Her boss bunnyporno.com was pleased and told her she would be back for more punishment soon.