Crítica de Take Away
Cafeína
Tipo de cozinha: Várias, Internacional
Tempo: 30/45 minutos
Entrega: Própria
Taxa de transporte: Não tem
O Grupo Cafeína é composto por um núcleo colorido de restaurantes na belíssima Foz do Douro.
Vasco Mourão – o ideólogo maior do Grupo – todos os dias, durante a manhã, visita religiosamente cada um dos espaços, normalmente montado numa bicicleta desmontável.
O Vasco é um construtor de espaços, um perfumador de ambientes e um artífice de uma “moda” especial que começou no Cafeina e se propagou por cada um dos seus restaurantes.
Que, diga-se, têm caras e temperamentos diversos, mas têm em comum, uma qualquer coisa que nos faz sentir bem em todos eles. Ou, melhor, que nos incita a fazer parte de uma comunidade de gente bonita, jovem, descontraída que gosta tanto de comer como do sítio onde come.
Um dos segredos principais do sucesso do grupo tem nome e chama-se Camilo Jaña, um Chef peruano com tanta discrição como trapio criativo. O outro, é a forma como o Vasco vai juntando as peças de um puzzle de sucesso: O serviço que é elegante, educado e discreto; Os vinhos com uma selecção criteriosa e ajustada onde tudo está arrumado no seu devido lugar; O menu, desenhado na rigorosa expectativa que o ambiente sugere.
Pois bem, o Vasco não gosta muito de take away. E percebe-se porquê. Quem aposta tanto no ambiente e no delicado contacto com as pessoas, não pode achar muita graça a que o privem do seu principal diferenciador.
Mas o Vasco diz que não é nada disso. A sua teoria é que cada prato é uma experiência e há muitas experiências que não resistem ao desgaste imprevisível do transporte ou à fatalidade do tempo.
Lembro com saudade o meu avô coronel que se perdia por um arroz de caldoso de olhos com joaquinzinhos e que, quando calhava de se anunciar o seu prato predilecto, andava num frenesim a chamar todos para a mesa ameaçando com ar devastador que o arroz “passava do ponto”!
Mas o Vasco também admite que há uma comida própria para take away – os hambúrgueres da Casa Vasco, as pizzas do Portarossa e o sushi do Terra.
Com os dois primeiros fez um pack de refeição para 2 a 6 pessoas que tem tudo para ser rotulado de fast food…, mas não é!
A verdade é que as duas pizzas e os 4 hambúrgueres que encomendámos para 4 pessoas vieram na hora exacta em que tudo estava aprazado.
Pedimos uma entrada de sashimi (a Tokyo). Excelente ou não fosse o Terra, no princípio de tudo, o primeiro fornecedor oficial de sushi do burgo do Porto.
A acomodação em que tudo chegou e os aromas que se escapavam das bonitas caixas fizeram-nos viajar para a esplanada fresca do Portarossa ou para a salinha acolhedora e rústica da Casa Vasco.
Percebemos que não eram só pizzas e hambúrgueres. Tudo era feito com calma, em modo slow. Uma das pizzas, a branca, vinha com queijo fresco e cebola roxa quase crua, mas com um curioso crocante. A outra vinha com bacon, cogumelos e o providencial ovo a cavalo. Bom queijo, excelente textura na massa e exuberante base de tomate. O sabor veio confirmar tudo – a massa da pizza com uma tosta a revelar o forno de lenha e os ingredientes bem casados numa harmonia e suculência de sabores que se batia bem com um serviço à mesa.
Os hambúrgueres – gosto do meu mal passado, vinham…, mal passados e com pequenos requintes que nos trouxeram à memória as tardes vadias e preguiçosas de domingo, na Casa Vasco.
Depois, despejámos um mousse do Terra numa malga gigante e, armados de quatro colheres, com o ar bélico que a disputa exigia, lá nos lambuzámos por tempo infinito com aquele imbatível excesso de tudo que um dia vai dar cabo de nós!
Não estava a contar, confesso, comer fast food em modo tão deliciosamente slow.
E, principalmente, fazê-lo com tanto gosto!
E é assim que o Cafeína at Home e a Foz, mesmo confinada, continuam a dar cartas na mesa dos portuenses!
Preço ***** (12,5 Euros por pessoa em package familiar)
Comida ****
Embalagem ****
Conservação ****