BAHR: O bom filho à casa torna

A experimentar

Um restaurante novo em Lisboa com a assinatura de um chefe como Nuno Mendes, reconhecido em Portugal e no estrangeiro pelo seu talento e carisma, associado a um lugar de prestígio como o Bairro Alto Hotel, deveria ser meio caminho andado para o sucesso imediato. O problema é quando há toda uma série de circunstâncias, que nada têm a ver com quem está à frente ou com a sua cozinha, que levam a que boa parte desse potencial de sucesso se desvaneça. Primeiro foi o (longo) atraso na finalização das obras do hotel, depois foram os últimos ajustes e as licenças finais do próprio restaurante que implicaram uma abertura sem o impacto que se esperava. Como se não bastasse, em março último entrámos nesta tragicomédia pandémica que só agora começa a ver o fim a aproximar-se.

E será que estes contratempos deixaram marcas num restaurante que ainda está numa fase de afirmação? Bom, pelo menos à vista desarmada não se notam efeitos nefastos. Nuno Mendes e a direção do hotel conseguiram criar e manter uma curta, mas boa, equipa de sala e de cozinha, dirigida, neste último caso, pelo chefe executivo Bruno Rocha (que já tinha passado antes pelo hotel) e bem secundada pelo sub-chefe  Nuno Dinis e pela chefe de pastelaria Maria Ramos.

Tive oportunidade de visitar o BAHR (o nome é o acrónimo de Bairro Alto Hotel Restaurante), pela primeira vez, logo quando abriu e gostei bastante: da comida com o ADN de Nuno Mendes – que dá sempre espaço aos seus cozinheiros de topo para participarem no processo criativo – e da matriz portuguesa inspirada em Lisboa e no mundo, da sua cozinha. Agradou-me ainda a decoração cosmopolita e o ambiente, para o qual conta muito o desenho do espaço, naquele penúltimo andar, com o seu bar após a entrada, a esplanada com vista estrondosa para o Tejo e o palco (leia-se cozinha) aberto para a sala.

Ao voltar de novo, passado um ano, a diferença esteve sobretudo nas regras impostas pela crise sanitária – da lotação mais restrita, às máscaras, passando pelos desinfetantes. Enfim, o prato do dia destes tempos anormais. Chegámos pelas 19h15, o que deu ainda para usufruir da vista do fim de tarde. Havia clientes no bar a aproveitar os últimos raios de sol embalados pela música que dava um bom tom ao ambiente. A essa hora, para jantar, havia apenas uma mesa ocupada, além da nossa. Esta é uma das mudanças de hábito do “novo normal” que gosto particularmente, mas que ainda não pegou por completo, pois a sala só começou a ficar bem composta pelas 20h00 (nota: nestes meses as regras obrigavam os restaurantes a encerrar às 22h30).

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