É uma inovação para oficiar com destreza nos fogões, temperar com dose certa de divertimento na cozinha e fazer um brilharete à mesa. Mesmo com limitadas aptidões no mundo da culinária, basta seguir as instruções do “take away” do restaurante portuense Oficina para saborear os pitéus cozinhados em vácuo pelo “chef” Marco Gomes.
Os pandémicos tempos que atravessamos têm gerado crise sem precedentes em muitas atividades, com particular enfâse no mundo da restauração. A necessidade aguça o engenho, lá diz o aforismo, e por tão prementes razões, a criatividade ganha a forma de redentora tábua de salvação.
O chef Marco Gomes, que há anos trocou o Foz Velha pelo Oficina, com porta aberta em Miguel Bombarda, a rua da Invicta perpendicular a Cedofeita e muito conhecida pelas galerias de arte, como transmontano que se ufana de ser, não baixou os braços. Apesar da redução para metade na capacidade dos lugares no restaurante e da quebra na ordem de 75 por cento na faturação do passado mês de novembro, não deixou o mundo onde se sente feliz.
E bem pensou: se os clientes não vêm ao restaurante, vai o restaurante a casa de cada um! Sem baixar o nível da confeção, ou seja, com idêntica elevada qualidade, criou um “take away” com assinatura do “chef”, com pratos elaborados à base de receitas tradicionais portuguesas, utilizando produtos regionais de excelência.
Tudo cozinhado em vácuo e devidamente acondicionado, com instruções de fácil acesso: através do Código QR Code abre-se um vídeo explicativo para concluir o prato.
Está lançado um modo simples para cozinhar em casa, até mesmo para os mais inaptos, que poderão surpreender com a maior das facilidades.
Um das sugestões do menu é o lombo de bacalhau cru (300 gramas) com grão de bico, legumes e crocante de broa. Bastam dez minutos no tacho colocado sobre o fogão. E fica pronto a ser servido.
No capítulo cárnico, o trio de opções é encimado pelas bochechas de porco com puré de castanhas e farofa de couve portuguesa.
Apenas para empratar é o apelativo carpaccio de vitela corado com ervas finas e molho de mostarda.
No lote das entradas, figura o já famoso ovo de “foie gras” com areia de pistácio e palha de alho francês. Para finalizar, outro ícone oficinal: rabanada com gelado de caramelo salgado e redução de vinho do Porto.
Para o “chef” Marco Gomes, «é uma inovação que permite às pessoas divertirem-se na cozinha e terem acesso de uma forma mais garantida a um tipo de produtos de qualidade. Criei uma linha própria, original e que possibilita a partilha da experiência nas redes sociais», sublinha, referindo que «é um serviço diferenciador dos padrões mais tradicionais, uma vez que não se torna imperioso ir para casa à pressa para evitar que o sabor do cozinhado se altere. Embalado no vácuo, até pode ser para cozinhar noutro dia qualquer».
Nos sabores com tradição e mediante encomenda com 24 horas de antecedência para número mínimo de comensais, não faltam o cabritinho transmontano assado com batatinhas e arroz de forno e o leitão assado no forno com batata “chips”, laranja e salada de alface.
Com o restaurante fechado ao fim de semana, as entregas são feitas ao domicílio (até um raio de 4 km, o serviço não tem custos adicionais).
«É um “take away” diferente, que defende a imagem do Oficina», sublinha Marco Gomes.
Em boa verdade, nunca foi tão fácil cozinhar como um “chef”.
É vinho: garrafeira online
A sagacidade em tempos de crise é uma virtude que conduz a outros campos, que abrem novos tipos de negócios.
No passado mês de agosto, Marco Gomes e Inês Soares decidiram avançar com a criação da É Vinho, uma plataforma de vinhos “online”. A
experiência no mundo da restauração e dos vinhos revelou-se fundamental para dar este passo, após a criação de uma distribuidora, com o objetivo de fornecer os restaurantes do núcleo empresarial do “chef”, que ao Oficina adicionou os vastos espaços de restauração do Pavilhão Rosa Mota/Super Bock Arena.
«Na garrafeira figuram cerca de noventa por cento de vinhos de uma distribuidora própria, graças a um trabalho feito de contactos junto de pequenos produtores. Desse modo, temos alguns vinhos exclusivos, nomeadamente de Trás-os-Montes, que não dispunham de um distribuidor», refere Marco Gomes. Nos vários capítulos da garrafeira “online” (www.evinho.pt), com referências para todo o tipo de preços, destaca-se a sugestão de “vinho mais harmonioso para a sua refeição”, opção que permite escolher qual o prato desejado – peixe, marisco, carne, massas – clicar e ver as propostas ideais entre as 600 referências que figuram na plataforma.
O serviço de entregas ao domicílio, que se estende a toda a Europa, é uma mais-valia desta garrafeira que conta já com algumas empresas de restauração entre os clientes.
«Estamos muito satisfeitos com o número crescente de pedidos, que têm chegado até da Alemanha e de França, algo que considero espetacular», confessa o “chef”, empenhado em criar, no início de 2021, uma garrafeira física para venda direta ao público e um bar de vinho, com 15 referências a copo e uma carta de petiscos, para funcionar ao longo da tarde, coexistindo no espaço ora ocupado totalmente pela receção do Oficina.