José Avillez convidou oito cozinheiros portugueses para criar um menu inspirado nas receitas de um chef internacional “silenciado” pela pandemia, mote desta edição do evento gastronómico Gelinaz. No Belcanto, foi um momento de “união positiva” e um “aproximar à normalidade” perdida.
Na troca mistério de chefs e de receitas de todo o globo que marca o conceito do evento, a ideia era que, desta vez, cada um dos chefs participantes – em Portugal, a curadoria ficou a cargo de José Avillez – escolhesse outros cozinheiros do país para criar um menu inspirado numa “matrix” enviada por um chef de outra nacionalidade e que está, de momento, impedido de trabalhar, cujo nome seria apenas revelado no final.
A escolha, contava José Avillez ao final do almoço, “foi muito fácil mas nada óbvia”. “Tive dois critérios: pessoas que admiro e com alguma representatividade no país.” Mas também “que, normalmente, andem fora destas andanças”, para “desmistificar um bocadinho” a importância das estrelas, a diferença entre chefs e cozinheiros, entre o fine dining e uma “cozinha mais rústica”. Assim se juntavam a José Avillez e a David Jesus, sous chef no Belcanto, António Galapito (Prado, Lisboa), António Loureiro (A Cozinha, Guimarães, uma estrela Michelin), António Nobre (Degust’AR, Évora e Lisboa), Diogo Rocha (Mesa de Lemos, Viseu, uma estrela Michelin), Noélia Jerónimo (Noélia e Jerónimo, Cabanas de Tavira), Pedro Pena Bastos (Cura, Lisboa), Rodrigo Castelo (Taberna Ó Balcão, Santarém) e Vasco Coelho Santos (Euskalduna, Porto).
Há umas semanas, chegara-lhes uma lista de oito receitas, “todas em francês”, com ingredientes que tanto puxavam ao Mediterrâneo como levavam ao Oriente, trocando as voltas a quem tentava encontrar pistas reveladoras do autor daquela “matrix” (no final, seria revelada a chef mistério: Céline Pham, francesa com ascendência vietnamita e passagem por restaurantes como Saturne e Septime, em Paris). Cada chef convidado escolheu uma receita para reinterpretar e criar um prato diferente. “O giro é cada um trazer alguma identidade também para isto, alguma personalidade”, apontava Avillez.
O artigo foi publicado originalmente em Público.