O Vinho do Porto é a nova estrela de Hollywood

A experimentar

No terceiro filme da saga Kingsman, há um vinho do Porto quase centenário que entra em cena. Leva o selo da Taylor´s aos estúdios da 20th Century Fox numa estratégia de marketing que também passa pelo lançamento de um rótulo especial

Vinho, marketing, ação! São estas as três palavras que resumem a entrada em cena de um vinho do Porto da casa Taylor´s, do grupo The Fladgate Partnership, especialmente elaborado para ser um dos protagonistas do filme “The King´s Man”, da 20th Century Fox.

Nas salas de cinema, o filme do realizador britânico Matthew Vaughan, estreia apenas a 12 fevereiro de 2021, mas a edição limitada de 700 garrafas do Taylor´s Very Old Tawny – Kingsman Edition chega ao mercado esta quinta-feira, com um preço de venda ao público na ordem dos €2.900.

E para acompanhar um filme que decorre durante a I Guerra Mundial, o vinho da histórica casa de vinho do Porto foi elaborado a partir das primeiras videiras replantadas após a praga da Filoxera ter devastado o Douro, em 1870.

Com 9 décadas de envelhecimento em cascos de carvalho, alguns dos vinhos usados no lote foram feitos nos anos 30, sob a sombra da Grande Depressão, apresentando-se como um símbolo da recuperação das vinhas do Douro do maior flagelo de sempre no mundo do vinho, “tal como a civilização ocidental emergiu da devastação da Grande Guerra”, sublinha Adrian Bridge”, diretor geral do grupo Fladgate, sem esquecer que durante este conflito “milhares de caixas de vinho do Porto Taylor´s foram fornecidas às cantinas do exército britânico”.

O governo britânico considerava o vinho do Porto “tão essencial para a moral dos soldados que por vezes fazia encomendas e considerava desviá-las para o exército, para evitar escassez”, afirma.

E como nasceu esta ideia que atravessou o Atlântico e conquistou Hollywood e o universo de estúdios da Disney? “Numa conversa entre dois britânicos”, pode ser a versão resumida do “encontro de vontades” entre um empresário e um realizador que “reconheceram os mesmos valores partilhados pela Taylor´s e pela saga Kingsman, inspirada na banda desenhada The Secret Service, de Mark Miller e Dave Gibbons: história, tradição, legado, obsessão com o detalhe e a extraordinária qualidade do produto”.

“A Taylor´s encarna muitos dos valores retratados no universo Kingsman, incluindo o respeito pela tradição e ofício e um sentido muito britânico de estilo e talento”, sublinha o diretor-geral da casa de Vinho do Porto, certo de que a melhor forma de explicar a ligação entre os dois universos é “numa expressão de alfaiataria” o “ajuste perfeito”.

Já Matthew Vaughan, marido de Claudia Schiffer, fala de velhas tradições do ritual que rodeia o vinho do Porto, dizendo que “um verdadeiro Kingsman nunca se esquecerá de passar o vinho do Porto à sua esquerda, mas este Taylor´s irá, certamente, testar a sua determinação”.

E irá testar particularmente o Duque de Oxford, oficial do exército e membro da aristocracia, uma personagem muito familiarizada com o vinho do Porto, interpretada por Ralph Fiennes, assim como vai testar uma nova forma de promover o vinho do Porto no mundo e num segmento de topo de gama, num ano em que as vendas estão em queda, com descidas homólogas de 13,6% em valor (€27,5 milhões) e 7,4% em volume, traduzidas numa redução de 6,7% no preço médio, para os €4,95.

ENTRE O VINHO, O TURISMO E A DISTRIBUIÇÃO

Liderado por Adrian Bridge, o grupo The Fladgate Partnership trabalha em exclusivo com o vinho do Porto no segmento vínico, onde detém as marcas Taylor´s, Fonseca, Croft e Krhon, mas também está no enoturismo e na distribuição, tendo fechado 2019 com um recorde de vendas de €125 milhões (+7%). Este valor soma contributos de €62 milhões de euros do lado do vinho do Porto (-1%), enquanto o turismo atingiu os €36 milhões (+14%) e a distribuição chegou aos €27 milhões de euros (+17%), através da Heritage Wines e da Grossão Distribuição Nacional.

Este ano, em julho, o grupo avançou com a inauguração do WOW – World of Wine, um megaempreendimento de €106 milhões, num quarteirão de 55 mil m2 dedicado ao ritual do vinho, ao turismo e à cultura do Porto, em pleno coração histórico das velhas caves do Vinho do Porto, em Gaia.

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