Filha de militar, uma entre 23 irmãos, é cozinheira há duas décadas e há muito que é chefe de equipas em cozinhas. Antonieta Mata sabe tudo sobre pressão e problemas e usa sempre a mesma receita: “acredito no respeito”.
Fala da restauração e do seu trabalho com uma paixão inabalável. Antonieta Mata trabalha na área há 17 anos, passou por várias cozinhas e desde cedo habituou-se a chefiar equipas – algo que faz naturalmente, sendo filha de um militar, uma entre 23 irmãos e tendo trabalhado numa grande empresa à frente de linhas de montagem com mais de 150 pessoas. “Acredito no respeito. Por muita que seja a pressão, o importante é não esquecermos o factor humano, estamos lá todos para o mesmo.”
Mas reconhece os problemas. “Até ao Verão passado tínhamos dificuldade em encontrar profissionais capazes. Hoje, há profissionais capacitados mas que têm que se sujeitar a ordenados mais baixos. A indústria está mal, muitas das casas estão a funcionar no limite, há situações em que os ordenados já não caem a 100% e o que se diz é ‘aguentem, vamos esperar por melhor’”.
Quanto à pressão, há dois mundos, diz, “o das estrelas e o outro”. “Num faz-se pelo prazer de fazer, no outro tem muito mais a ver com os objectivos que as pessoas têm para si próprias, tal como quem escreve um livro decide que tem que escrever um best-seller. Aí [a estrela] pode tornar-se uma obsessão, algo muito competitivo.”
A opção dela é outra. “Para mim, o cliente dizer parabéns, estava tudo muito bem, deixar gorjeta e recomendar a alguém, já é suficiente. Outras pessoas precisam de mais. Mas eu não me conseguia imaginar a viver nesse mundo competitivo.”
E ser mulher numa cozinha? Sorri. “Tenho muito mau feitio. Sou muito autoritária, muito prática. Quando estou a trabalhar não tenho tempo para o ‘feriste os meus sentimentos’, levo tudo à frente e o que tenho que dizer, digo no momento. Conheço o meu lugar, dou-me ao respeito e exijo respeito e não aceito menos do que aquilo a que acho que tenho direito.”
No final do serviço, conversa-se, brinca-se, esclarece-se. O importante, diz, é “não levar nada para casa”.